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ecovirt:roteiro:neutr:neutra_base

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ecovirt:roteiro:neutr:neutra_base [2022/10/25 02:41]
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-BASE 
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-====== Teoria neutra da biodiversidade ====== 
- 
-A Teoria Neutra é um modelo de processos estocásticos de nascimentos,​ mortes, especiações e migrações. As probabilidades de cada um destes eventos ocorrerem definem uma dinâmica surpreendente. A melhor maneira de entender isto é simular este processo, como faremos nos exercícios a seguir. 
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- 
-===== Preparação:​ entendendo caminhadas aleatórias ===== 
- 
-{{http://​imgs.xkcd.com/​comics/​im_so_random.png}} 
- 
-A Teoria Neutra usa uma classe de modelos de dinâmica estocástica,​ chamada **caminhada aleatória de soma zero**. Por isso precisamos entender algumas propriedades importantes dessa dinâmica. ​ 
- 
-Faça os tutoriais de caminhadas aleatórias,​ indicados nos links abaixo. Os conceitos apresentados nesses dois roteiros são centrais para o entendimento da Teoria Neutra. Apenas siga com este roteiro quando estiver certo(a) de que  compreendeu os roteiros a seguir:, ​ 
- 
-  
-====== A Teoria passo a passo ====== 
- 
-{{:​ecovirt:​roteiro:​neutr4.jpeg?​100 |}} 
- 
-Agora que entendemos algumas propriedades básicas de cadeias Markovianas simples vamos construir o modelo estocástico da Teoria Neutra, passo a passo, usando funções do **EcoVirtual**. 
- 
-===== Dinâmica Local sem Migração ===== 
- 
-Vamos começar com um modelo para a comunidade em um dado local, usando um jogo de soma zero, similar ao jogo de apostas do roteiro [[ecovirt:​roteiro:​math:​zerosumr|de introdução a processos estocásticos]] que acabou de fazer((Deveria! Caso não tenha feito, retorne a ele)). As regras são: 
-  - A comunidade tem um total fixo de indivíduos $J$ que não se altera; ​ 
-  - Estes indivíduos pertencem a populações de um certo número $S$ de espécies; 
-  - No início todas as populações têm o mesmo número de indivíduos $j$. Portanto, no início $J= j \times S$ ((esta é uma regra da simulação no EcoVirtual, mas não da teoria neutra em si. Os resultados não são afetados por diferenças nas abundâncias iniciais)) 
-  - Um dos indivíduos é sorteado para morrer 
-  - Em seguida, os indivíduos remanescentes são sorteados, para definir quem produzirá o filhote que ocupará o lugar do indivíduo morto. 
- 
-====== Parametros ====== 
- 
- 
-com as seguintes opções: 
- 
-^ Opção ^ parâmetro ^ O que faz ^ 
-^ Number of Species|S| número inicial de espécies| 
-^ Individuals per Species|j| número inicial de indivíduos por espécies. Começamos com o mesmo número de indivíduos por espécie, portanto o tamanho da comunidade será $J=Sj$| 
-^ Number of dead per cycle|D| número de mortes por ciclo ((que manteremos sempre em uma))| 
-^ Cycles per simulation| cycle| número de ciclos por simulação| 
- 
- 
-Simule uma comunidades com 100 espécies e 2 indivíduos por espécie: 
- 
-<​code>​ 
-S = 100 
-j = 2 
-</​code>​ 
- 
- 
-====== sm simule ====== 
- 
-Repita algumas vezes. 
-O que acontece com o número de espécies com o passar do tempo? Verifique se isto muda aumentando o tamanho da comunidade, que é o produto $Sj$. Portanto basta manter o mesmo número de espécies e aumentar o número de indivíduos por espécie: 
- 
-<​code>​ 
-S= 100 
-j = 2 a 12, a intervalos de 2 
-</​code>​ 
- 
-====== sm perguntas ====== 
-  - Para qual número de espécies ​ tende uma comunidade fechada sob dinâmica neutra? 
-  - Qual o efeito do tamanho da comunidade sobre a taxa de perda de espécies? 
- 
-====== Incluindo Migrações ====== 
- 
- 
-{{:​ecovirt:​roteiro:​neutr5.jpg?​200 |}} 
-Sabemos que as comunidades não são sistemas fechados. Então a chegada de migrantes pode compensar a perda de espécies que observamos na simulação anterior. Vamos supor, então, que há um reservatório externo de migrantes, que chamamos **metacomunidade**. Uma maneira bem simples de se fazer isto é supor uma **metacomunidade infinita**, com todas as espécies do início da simulação,​ nas proporções iniciais. Precisamos definir também a taxa de migração: ela será a probabilidade de um indivíduo morto na comunidade ser substituído por um propágulo vindo de fora, da metacomunidade. ​ 
- 
- 
- 
-====== incluindo migrações cont ====== 
- 
-Compare a dinâmica de número de espécies ao longo do tempo em comunidades sem migração, e com valores crescentes de taxa de migração. Para isso experimente valores de migração (''​Immigration (m)''​) de zero a 0,5. Em todos comece com uma comunidade com 100 espécies, com dois indivíduos por espécies (''​Number of Species (S)''​ = 100, ''​Individuals per Species (j)''​ = 2. Mantenha constante o número de ciclos em todas as simulações. ​ 
- 
-====== incluindo migrações questões ====== 
-  - Para qual número de espécies uma comunidade com dinâmica neutra e imigrações tende, dado tempo suficiente? 
-  - Qual o efeito de aumento da imigração sobre o estado final da comunidade? 
-  - O que acontece se aumentamos o tamanho da comunidade? Dica: experimente simular com uma mesma taxa de migração e vários tamanhos de comunidade, começando com 10 indivíduos por espécie. 
- 
-====== Uma Metacomunidade mais Realista ====== 
- 
-{{ :​ecovirt:​roteiro:​neutr6.jpg?​350|}} 
- 
-Um reservatório infinito de espécies não parece ser uma premissa muito realista. Que tal substituí-lo por um conjunto de populações com a mesma dinâmica que usamos para a comunidade? Teríamos, então, dois sistemas acoplados, cada um com sua dinâmica estocástica de nascimentos e mortes. 
- 
-Mas se a metacomunidade também segue a dinâmica estocástica de soma zero, também perderá espécies com o tempo. Como resolver? Começamos por admitir que a metacomunidade é muito maior que a comunidade, pois representa o //pool// regional de colonizadores. Ou seja, é um sistema bem maior, pois tem mais espécies e indivíduos. Vamos supor, muito modestamente,​ que nela há o dobro de espécies da comunidade, cada uma com dez vezes mais indivíduos. 
- 
-Apenas para lembrar o efeito do tamanho da comunidade sobre a erosão de espécies, use novamente a função de simulação sem migração para comparar sistemas que diferem nesta ordem de grandeza: 
- 
-<​code>​ 
-S = 100 
-cycle = 20.000 
-j = 2 e 20 
-</​code>​ 
- 
- 
-Já é possível perceber que para tamanhos razoáveis (ou mesmo pequenos) de metacomunidades a erosão de espécies é bem lenta. Portanto, uma entrada de espécies a uma taxa também muito lenta já seria suficiente para compensar as extinções. Se for tão lenta quanto o tempo necessário para a evolução de uma nova espécie no sistema já temos a solução: na metacomunidade,​ as espécies perdidas são repostas por novas que surgem, no tempo evolutivo! 
- 
-Assim, definimos uma taxa de especiação,​ $\nu$, que expressa a probabilidade de um indivíduo morto na metacomunidade ser reposto por um indivíduo de uma nova espécie. Esta taxa é extremamente baixa, mas pode ser suficiente para manter, ou mesmo elevar, o número de espécies na metacomunidade. 
- 
-====== parametros simhub3 ====== 
- 
- 
-Agora temos argumentos também para os parâmetros da metacomunidade:​ 
-^ Opção ^ parametro ^ O que faz ^ 
-^ Number of Species (Metacommunity)|Sm| número de espécies da metacomunidade^ 
-^ Individuals per Species (Metacommunity)|jm| número de indivíduos por espécie na metacomunidade^ 
-^ Speciation rate|nu| taxa de especiação na metacomunidade^ 
-^ Migration rate|m| taxa de migração na metacomunidade^ 
- 
-Usando os tamanhos de comunidades e metacomunidades que já definimos, avalie o efeito de aumentar a taxa de migração, mantendo os outros parâmetros constantes: 
- 
-<​code>​ 
-S = 100 
-j = 2 
-Sm = 200 
-jm = 20 
-nu = 1e-9 
-m = 0 a 0,4 a intervalos de 0,1 
-</​code>​ 
- 
-====== exploracoes simhub3 ====== 
- 
-Experimente também variar os tamanhos da comunidade e da metacomunidade,​ e a taxa de especiação. ​ 
- 
-Outra boa idéia é aumentar o tempo das simulações,​ para avaliar a dinâmica a longo prazo. Para isto, aumente o valor do argumento ''​cycle'',​ mas lembre-se que com valores muito altos a simulação podem demorar. Tenha paciência ((boa hora para você fazer uma pausa))!! ​ 
- 
-<WRAP info center round 80% > 
-O modelo de Hubbell permite o cálculo do //**Número fundamental da biodiversidade**//,​ expresso por $\theta$ (theta) nos gráficos. Essa é uma medida da diversidade da metacomunidade (alfa de Fisher regional((alfa de Fisher é um índice de diversidade clássico baseado na distribuição logserie de abundância das espécies na comunidade ))) e está relacionada à taxa de especiação e ao tamanho da metacomunidade.  ​ 
-</​WRAP>​ 
- 
- 
-======questoes simhub3====== 
- 
-  - Em escala de tempo ecológico a metacomunidade desta simulação tem efeito muito diferente da metacomunidade fixa e infinita da simulação anterior? 
-  - Qual o efeito de uma maior taxa de especiação na metacomunidade sobre a dinâmica da metacomunidade?​ 
-  - O que acontece se a metacomunidade é muito pequena? 
- 
- 
-====== Para saber mais ====== 
- 
-==== Introduções ==== 
- 
-  * Harpole, W. (2010) Neutral Theory of Species Diversity. [[http://​www.nature.com/​scitable/​knowledge/​library/​neutral-theory-of-species-diversity-13259703|Nature Education Knowledge 3(10):60]]. //Ótima apresentação da teoria, do projeto [[http://​www.nature.com/​scitable|Scitable]]//​. 
-  * Cassemiro, F.A.S. & Padial, A.A. 2008. Teoria Neutra da Biodiversidade:​ aspectos teóricos, impacto na literatura e perspectivas. Oecologia Brasiliensis,​ 12 (4): 706-719 [[http://​dialnet.unirioja.es/​servlet/​articulo?​codigo=2883367|disponível online aqui]]. 
-  * Alonso, D., R. S. Etienne, and A. J. Mckane 2006. The merits of neutral theory. Trends in Ecology & Evolution ​ 21: 451-457. 
-  * Um pacote em R para simulação e ajuste dos modelos de distribuição de espécies previstos pela teoria. **A introdução é uma excelente explicação da teoria**: ​ 
-    * Hankin, R. 2007. Introducing untb, an R Package For Simulating Ecological Drift Under the Unified Neutral Theory of Biodiversity. Journal of Statistical Software 22: 12 [[http://​www.jstatsoft.org/​v22/​i12/​]]. ​ 
- 
-==== Mais avançadas ==== 
- 
-    * O livro (referência básica, mas nem sempre didática quanto ao modelo): ​ 
-      * Hubbell, S.P. (2001). The Unified Neutral Theory of Biodiversity and Biogeography. Princeton University Press. 
-   * Rosindell,​ J., Hubbell, S. P. & Etienne, R. S. 2011. The Unified Neutral Theory of Biodiversity and Biogeography at Age Ten. Trends in Ecology & Evolution 26:340-348. Ótima revisão sobre o tema e seu impacto. 
-   * Renshaw, E. 1991. Modelling biological populations in space and time Cambridge University Press. Excelente apresentação de dinâmicas estocásticas. 
-   * Uma boa revisão da evidência empírica até a época, com comparações com outros modelos neutros: Brian J. McGill, Brian A. Maurer, Michael D. Weiser (2006) EMPIRICAL EVALUATION OF NEUTRAL THEORY. Ecology: Vol. 87, No. 6, pp. 1411-1423. ​ 
- 
-{{tag>​RCMDR comunidades teoria_neutra}} 
  
ecovirt/roteiro/neutr/neutra_base.txt · Última modificação: 2022/10/25 02:41 (edição externa)